terça-feira, 21 de outubro de 2008

No mediocrity, please!


O Conselho Estadual de Educação de SP agora permite, amparado por lei estadual, que até 20% da carga horária do Ensino Médio seja cumprida com metodologia de EAD. (Clique aqui para ver)

Por um lado, comemoremos a chegada - tardia - do reconhecimento de que aprender a aprender autonomamente deve começar mesmo no Ensino Médio, até para que os alunos não venham bater nas Universidades com aquela mentalidade de que precisam ser levados pela mão para que aprendam verdadeiramente.

Por outro lado, a mesma matéria apresenta a relutância da Secretaria Estadual de Educação em implementar a nova modalidade nesta gestão (ou seja, "necas" pelos próximos dois anos). E, eu diria, talvez nem daqui a cinco, dez anos. A razão? Favor ler o post sobre "Abóboras, 'aboborinhas' e 'aboboronas' à vontade", pois ele foi construído justamente a partir da desinformação ululante sobre a modalidade que grassa parte significativa da "força intelectual" produzida nos sistemas públicos de educação.

No final da matéria, é emblemática a posição de Cesar Callegari, presidente da Câmara Básica do Conselho Nacional de Educação: "o ensino a distância não é necessariamente ruim, mas a norma abre a chance de escolas buscarem só corte de custos, em detrimento da qualidade."

Não é necessariamente ruim, presidente? O que o senhor está dizendo com isso? Que desconhece todos os bons projetos de EAD realizados no país e no mundo todo? Que toma a EAD a partir dos exemplos tortos das instituições "fabricantes de dinheiro" que se aproveitaram de uma abertura indiscriminada feita justamente pelo MEC? Caso seja isso mesmo o que pensa, então permita que eu utilize o mesmo tipo de raciocínio para propor o seguinte:
  1. O ensino público não é necessariamente ruim...

  2. O ensino público de SP não é necessariamente ruim...

  3. A educação brasileira não é necessariamente ruim...

Eles só tomam por modelo de análise a mediocridade. Aliás, como nós gostamos de ter por parâmetro tudo que pode dar errado, tudo que funciona pela metade, tudo que é feito por quem não tem condições de fazê-lo comprometidamente. Talvez seja por isso mesmo que continuemos no patamar em que estamos: o país cujo futuro depende quase exclusivamente da Bolsa Isso, Bolsa Aquilo, Bolsa Aquilo Outro, Cota Isso, Cota Aquilo... Um medo eterno de deixar quem sabe fazer as coisas.

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