sexta-feira, 20 de junho de 2008

Uma questão de perfil

Ontem fui procurado por uma colega cuja IES está promovendo a oferta de disciplinas naquele ritmo de 20% semipresenciais. O material foi produzido com qualidade, a infra-estrutura estava de acordo, mas a instituição está enfrentando dois "males recorrentes": a) protestos dos alunos, que se acham prejudicados pelas atividades não-presenciais, e b) uma "guerra fria" não-declarada de alguns professores indicados para acompanhar essas disciplinas. Perguntou-me a colega se havia solução para essas duas situações.

Olha, num blog temos de ser muito sucintos, então vou tocar apenas naquilo que acho fundamental sobre cada uma das situações:
  • a) a inclusão de disciplinas semipresenciais responde a uma tendência pedagógica muito moderna (no sentido de contemporânea), que valoriza o desenvolvimento da autonomia dos alunos. Os professores não ficam administrando softwares, mas monitorando uma construção de conhecimentos feita colaborativamente, mais horizontal. Essas disciplinas devem ser administradas com um projeto pedagógico sólido, bem acompanhadas em com finalidades que possam ser observadas por todos o tempo todo nos diversos estágios de construção. Ainda que não conheça SUA instituição, conheço a recorrência desses problemas, e sou capaz de apostar que a instituição deve estar falhando em termos de projeto e acompanhamento, especialmente no que tange à necessidade de fazer os alunos se sentirem senhores de seu aprendizado e valorizados por isso.
  • b) Não é qualquer professor que tem a competência necessária à EAD. Não é porque alguém tem 30 anos de experiência pilotando jatos comerciais a 800Km/h que será a melhor opção para pilotar carros de F1 a "meros" 330Km/h. São cenários diferentes, necessidades diferentes, competências diferentes. Em suma: É OUTRO PERFIL! Selecionar e formar professores para EAD é a fase mais importante de qualquer projeto e, ainda assim, geralmente a mais negligenciada ou realizada como mera formalidade. O resultado é sempre desastroso, especialmente se a EAD for empurrada "goela abaixo" de quem não se sente bem com ela.

Em suma, na suma da suma, é isso. O projeto e a infra-estrutura são importantes, mas achar as pessoas certas para as posições certas é ainda mais importante.

Abraços!!!